sexta-feira, 21 de maio de 2010

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Poema da Gratidão

Senhor Jesus, muito obrigado!
Pelo ar que nos dás,
Pelo pão que nos deste,
Pela roupa que nos veste,
Pela alegria que possuímos,
Por tudo de que nos nutrimos.

Muito obrigado pela beleza da paisagem,
Pelas aves que voam no céu de anil,
Pelas Tuas dádivas mil!

Muito obrigado, Senhor!
Pelos olhos que temos…
Olhos que vêm o céu,
Que vêm a terra e o mar,
Que contemplam toda beleza!
Olhos que se iluminam de amor
Ante o majestoso festival de cor
Da generosa Natureza!

E os que perderam a visão?
Deixa-me rogar por eles
Ao Teu nobre Coração!
Eu sei que depois desta vida,
Além da morte,
Voltarão a ver com alegria incontida…

Muito obrigado pelos ouvidos meus,
Pelos ouvidos que me foram dados por Deus.
Obrigado, Senhor, porque posso escutar
O Teu nome sublime, e, assim, posso amar.
Obrigado pelos ouvidos que registam:
A sinfonia da vida,
No trabalho, na dor, na lida…
O gemido e o canto do vento nos galhos do olmeiro,
As lágrimas doridas do mundo inteiro
E a voz longínqua do cancioneiro…

E os que perderam a faculdade de escutar?
Deixa-me por eles rogar…
Eu sei que no Teu Reino voltarão a sonhar.

Obrigada, pela minha voz.
Mas também pela voz que ama,
Pela voz que canta,
Pela voz que ajuda,
Pela voz que socorre,
Pela voz que ensina,
Pela voz que ilumina…
E pela voz que fala de amor,
Obrigado, Senhor!

Recordo-me, sofrendo, daqueles
Que perderam o dom de falar
E o teu nome sequer podem pronunciar!…
Os que vivem atormentados na afasia
E não podem cantar nem à noite, nem ao dia…
Eu suplico por eles
Sabendo que mais tarde,
No Teu Reino, voltarão a falar.

Obrigado, Senhor, por estas mãos, que são minhas
Alavancas do amor, do progresso, da redenção.
Agradeço pelas mãos que acenam adeuses,
Pelas mãos que fazem ternura,
E que socorrem na amargura;
Pelas mãos que acarinham,
Pelas mãos que elaboram as leis
E pelas que as feridas cicatrizam
Retificando as carnes partidas,
A fim de diminuírem as dores de muitas vidas!
Pelas mãos que trabalham o solo,
Que amparam o sofrimento estancam lágrimas,
Pelas mãos que ajudam os que sofrem,
Os que padecem…
Pelas mãos que brilham nestes traços,
Como estrelas sublimes fulgindo nos meus braços!

… E pelos pés que me levam a marchar,
Ereto, firme a caminhar,
Pés da renúncia que seguem
Humildes e nobres sem reclamar.

E os que estão amputados, os aleijados,
Os feridos e os deformados,
Os que estão retidos na expiação
Por crimes praticados noutra encarnação,
Eu rogo por eles e posso afirmar
Que no Teu Reino, após a lida
Desta dolorosa vida,
Poderão bailar
E em transportes sublimes
Com os seus braços também afagar.
Sei que lá tudo é possível
Quando Tu queres ofertar,
Mesmo o que na Terra parece incrível!

Obrigado, Senhor, pelo meu lar,
O recanto de paz ou escola de amor,
A mansão de glória
Ou pequeno quartinho,
O palácio ou tapera,
O tugúrio ou a casa de miséria!
Obrigado, Senhor,
Pelo amor que eu tenho e
Pelo lar que é meu…

Mas, se eu sequer
Nem um lar tiver
Ou teto amigo para me abrigar
Nem outra coisa para me confortar,
Se eu não possuir nada,
Senão as estrelas e as estradas,
Como sendo o leito de repouso
E o suave lençol,
E ao meu lado ninguém existir,
Vivendo e chorando sozinho ao léu…
Sem um alguém para me consolar
Direi, cantarei, ainda:
Obrigado, Senhor, porque te amo
E sei que me amas,
Porque me deste a vida
Jovial, alegre, por Teu amor favorecida…
Obrigada, Senhor, porque nasci,
Obrigado, porque creio em Ti.

… E porque me socorres com amor,
Hoje e sempre,
Obrigado, Senhor!

sábado, 1 de maio de 2010

A prática do bem

Com a prática do bem, diminuem-se os radicais livres e há liberação de serotonina e endorfina no corpo

Apesar de muitos desconhecerem, praticar o bem ajuda a melhorar a qualidade de vida não apenas daqueles beneficiados com as ações. Na verdade, como bem explica a médica clínica geral e geriatra Lilia Bessa, os benefícios das boas ações contribuem até para o melhor funcionamento do organismo de quem faz o bem. Sabia?

Como lembra a médica, em momentos de estresse, ao nos alimentarmos mal, ficarmos angustiados, tristes e deprimidos, liberamos radicais livres no nosso corpo. Eles, no caso, são moléculas produzidas durante o metabolismo celular, responsáveis por provocar o envelhecimento.

Com isso, a vida das células diminui, causando, inclusive, o processo de envelhecimento nos sistemas digestivo, respiratório e cardíaco. "As pessoas podem desenvolver gastrite, acidente vascular cerebral (AVC), depressão", alerta.

Melhorias

Por outro lado, esclarece Lilia Bessa, melhora-se o funcionamento orgânico quando se realizam ações em prol do bem. Segundo a clínica geral, até mesmo o sistema imunológico é reforçado. Isso porque, conforme elucida, as práticas geram estímulos que causam, nos neurônios, a liberação dos neurotransmissores conhecidos como serotonina e endorfina.

"Eles são liberados no organismo e provocam a sensação de prazer", destaca a especialista. A endorfina, por sinal, é produzida em resposta às atividades físicas e causam relaxamento, sensação de prazer, euforia e bem-estar. Além disso, está associada à melhora da memória, bom humor, aumento da resistência e disposições física e mental.

Envelhecimento

Outro ponto é que a substância também favorece o sistema imune, uma vez que diminui as dores e retarda o envelhecimento. Já a serotonina participa do controle do humor, comportamentos emocionais e sono. "Além da parte orgânica, há alteração no astral, que fica muito melhor. A pessoa sente-se com mais força, renovada para a vida", reconhece Lilia Bessa.

Para se ter uma noção, segundo o padre Rino Bonvini, percebe-se, nas experiências no bairro Bom Jardim, que, ao desenvolver o bem, os relatos são de que o praticante se sente mais energizado no dia a dia. "Oferecendo o bem, o cidadão tem mais consciência dos valores e de como o trabalho amadurece a parte mais profunda do ser humano", ensina.

EXEMPLO A SER DADO
Fazer o bem deve começar na infância e em casa

Por mais que o bem, de maneira geral, seja praticado em ações fora de casa, para os mais necessitados; pedagogos, educadores sociais e demais especialistas indicam que o trabalho deve ser iniciado ainda dentro de casa e desde a infância.

Até mesmo porque, como lembra a educadora social do Movimento Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim (MSMCBJ), Lígia Rodrigues, ao se deparar com exemplos diários, as crianças aprendem e podem se tornar agentes propagadores das boas práticas sociais.

Conforme a educadora social, as crianças e os adolescentes possuem uma tendência natural à afetividade e a ajudar o próximo. Por isso mesmo, como ressalta, ainda na infância, essas potencialidades "de querer fazer o bem" devem ser estimuladas. "Quando se sentem injustiçados, sofrem privações e não têm garantidos seus direitos, os adultos vão se armando para o mundo. Já as crianças, não", reforça Lígia.

Regras

Como acrescenta a professora de Filosofia e Ética da Unifor, Sandra Elena Souza, para incentivar as boas ações por parte das crianças não há "regras". Isto é, segundo ela, baseando-se nos conceitos clássicos do filósofo grego Aristóteles, a melhor solução seria, justamente, o exemplo dado. Até porque, como defende o grego, o bem não deve ser algo apenas almejado, mas praticado plenamente.

"Na infância, o terreno é fértil. Considerando que o crescimento humano é um processo contínuo e gradual, iniciar com a criança pequena atividades que priorizem a natureza emocional do indivíduo, valorizando os sentimentos, o respeito às diversidades humanas, teremos, sem dúvida, um adulto mais consciente de seus direitos e deveres e, consequentemente, uma pessoa melhor em suas relações com o outro", comenta a pedagoga Fátima Lemos, que possui licenciatura plena em História e Pedagogia.

Também diretora pedagógica do Colégio Maria Ester, Fátima ressalta que a educação tem um importante papel nesse processo de incentivar o bem. "O papel da educação vai além dos conteúdos a serem trabalhados, está, principalmente, na qualidade das relações que pode propiciar o processo de ensino- aprendizagem. Como diz Paulo Freire: ´Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender´".

Ela acredita que a educação voltada à prática pode, efetivamente, contribuir para a formação mais humana e digna. "Segundo os estudiosos, toda criança é um ser humano que depende dos adultos para revelar suas reais potencialidades".

Trabalhar pelo bem sem olhar a quem


Desde a Antiguidade, os homens refletem sobre o que seria o bem e como podemos praticá-lo no dia a dia. Hoje, o Diário do Nordeste inicia série de reportagens discutindo como trabalhar pelo bem do próximo se torna mais necessário, sobretudo, como forma de garantia dos direitos fundamentais

Engana-se quem pensa que trabalhar é apenas gastar os neurônios e o suor para obter a remuneração no fim do mês. Por definição, nos dicionários, o verbete trabalho significa: "aplicação das forças e faculdades humanas para alcançar um determinado fim". Assim, diferente de emprego, esse objetivo pode estar relacionado a transformar o ambiente ao redor, contribuindo para o bem do próximo. Já pensou em fazer isso?

Por meio de pequenas ações diárias, como ensinam os especialistas na área, podemos praticar o tão almejado "bem", que pode contribuir para a boa e mais igualitária convivência. Tanto que, nas sociedades atuais, ações com esse fim vêm ganhando cada vez mais força. Sejam elas, diga-se de passagem, por meio de atitudes individuais; de empresas privadas, com a responsabilidade social; ou por mobilização das próprias comunidades. Porém, para isso, é preciso, primeiro, entender o que seria esse tão falado bem.

Antiguidade Clássica

No decorrer dos anos, para se ter uma ideia, a temática promoveu discussões no Ocidente, iniciadas ainda na Antiguidade Clássica, com os gregos. Os filósofos Aristóteles e Platão, por exemplo, possuíam uma visão diferente da perspectiva moderna, como lembra a professora de Filosofia e Ética da Universidade de Fortaleza (Unifor), Sandra Elena Souza.

De acordo com ela, Platão, ainda no século IV a.C., aponta o bem como algo transcendente, superior ao que existe de fato e que indica como deve ser a realidade. O bem não seria característica do homem, mas regeria o universo. Porém, só ele seria capaz de decifrar o "norte". Já a perspectiva aristotélica completava que o bem não deve ser algo almejado, e sim praticado. O filósofo alertou que a felicidade seria o resultado dessa prática, gerado naturalmente.

Na concepção platônico-aristotélica, diz Sandra, o bem ainda aparece como proporção geométrica, sendo o equilíbrio entre o excesso e a falta, além de só alcançado na dimensão política. Isto é, por meio do entrelaço de ações em comunidade, e não individuais.

Com o tempo, as transformações sociais, históricas e políticas no mundo trouxeram mudanças às teorias gregas. Até que se chegou, como comenta, à atualidade, na qual a discussão está no indivíduo.

Por isso mesmo, segundo alerta o cientista social Alessandro de Luca, o conceito de "bem" precisa ser relativizado. "Temos de lembrar que o conceito de bom, justo e lindo depende da educação e da cultura". Para ele, trata-se de um conjunto de informações que herdamos da sociedade e reproduzimos. "Se cada um parte do pressuposto de que a concepção é sua, é mais fácil entender e lutar pelo outro".

Diante dessa concepção, o padre Rino Bonvini, presidente do Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim (MSMCBJ) explica que, além da ausência do mal, o bem é "tudo que se pode fazer e pensar para a construção de um mundo melhor". Seria, acrescenta a clínica geral e geriatra Lilia Bessa, uma forma de garantir aos que estão ao redor a melhoria na qualidade de vida nos âmbitos material, espiritual ou social.

Educação política
Entender direitos se faz necessário

Na vivência em sociedade, muitas são as formas de contribuir para o bem. Talvez a mais conhecida seja o apoio ao próximo em momentos difíceis. De acordo com o padre Rino Bonvini, presidente do Movimento Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim (MSMCBJ), um dos caminhos "é acolher o ser humano em sua dor, seu sofrimento psíquico, escutando com empatia e iniciando um caminho de transformação", indica.

Porém, além desse apoio, ações mais concretas podem ser praticadas com projetos sociais, oficinas e mobilização por melhores condições. Nesse sentido, alerta a professora de Filosofia e Ética da Universidade de Fortaleza (Unifor), Sandra Elena Souza, é necessária uma "educação política", que resulta em informações e conhecimento acerca dos direitos e do que acontece ao nosso redor. A Constituição de 1988, por exemplo, defende que educação, saúde, lazer e outros são direitos inerentes aos cidadãos. No entanto, diz, quando não existir "educação política", não haverá a prática do bem na sociedade.

Constituição

A educação política é o conhecimento dos desafios, obstáculos e desigualdades. Com a formação, pode-se agir com justiça. "A desinformação permite que desconheçamos o que há de bom". Para isso, finaliza o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE), Valdetário Monteiro, o detalhamento da Constituição Federal de 1988 teve o objetivo de criar a cultura de gozo pleno dos direitos e garantias.

A opinião do especialista
Conhecer a si mesmo

Gisneide ErvedosaDra. em Psicologia Clínica e profa. da unifor

A sabedoria popular diz: fazendo o bem sem olhar a quem. Assim sendo, o bem estaria além da dualidade da nossa mente que nos corrói, impulsionando-nos de forma compulsiva a buscar o que pensamos que é bom e a fugir do que condicionamos a julgar como mau ou desagradável. Devemos fazê-lo, diz a máxima, sem rotular a pessoa como "meu amigo", "meu parente", "meu inimigo", "meu gato", "meu cachorro", "meu passarinho" ou "minha barata".

Jesus disse que não há mérito em se amar o amigo, então, devemos amar o inimigo. Isto é, aquilo que pensamos ser mau, desagradável, incômodo, estranho, diferente... Porém, sabemos que se não estou bem comigo mesma, passo a não estar bem com os outros nem com a vida. Fazer o bem começa em cada um, amando a si mesmo. Como amar o próximo se não amo a mim?

Costuma-se dizer, ainda, que não se ama o que não se conhece. Então, preciso me conhecer melhor, meus fantasmas, os "inimigos" dentro de mim: o que não aceito, penso não estar bem em mim, partes do que não me permito perceber. Se me alieno e fujo do que não gosto, do que acho que não vai bem em mim a todo instante, terminarei "vendo chifre em cabeça de cavalo" - inimigos, o "demônio" projetado em toda parte.

Como sair dessa "alucinação coletiva"? Primeiro, aceitar essa neurose, reconhecer a ilusão da "separatividade", que nos coloca o tempo todo, praticamente, contra partes de nós mesmos, do diferente, do outro, do mundo... Se assim não fizermos, sentimo-nos fragilizados, como se não existíssemos: o meu é sempre melhor do que o teu, numa tentativa desesperada de autoafirmação do pequeno eu. Por outro lado, começamos a fazer o bem ao reconhecer e acolher os incômodos, dando a mão ao medo, ao problema, ao sintoma, àquela dificuldade...

Não excluir, rejeitar, julgar ou negar dentro ou fora de nós o diferente. Quando paramos de rotular e cobrar uma mudança sobre algo ou alguém, uma primeira mudança já ocorre e abre espaço para que outras venham a ocorrer.

Conscientemente, com a percepção mais limpa dos preconceitos e julgamentos, podemos simplesmente observar os fenômenos de forma mais lúcida. Então, ao contrário do que se possa pensar, vamos apoiar o ser, para que as dificuldades sejam pouco a pouco superadas e não negadas, por meio da fantasia da acomodação.

Ao contrário do que muita gente pensa, fazer o bem não é "passar a mão na cabeça" ou superproteger o outro ou a si próprio. É aprender a lidar com a confusão da mente estando mais despertos. Sem essa mente mais clara, qualquer boa intenção, seja a do mais lindo projeto ou sorriso, será vã.

Assim, mais do que escutar quem compartilha uma dificuldade ou êxitos, é necessário desenvolver o saudável dom da escuta interior. Dessa maneira, podemos escutar melhor o outro, percebermos a sua necessidade, que pode ser, talvez, a de tomar o medicamento mais amargo. Se for dado com sabedoria, amor e respeito, ele vai, com certeza, tomá-lo.

JANINE MAIA
REPÓRTER