sábado, 3 de dezembro de 2011

Testes clínicos com nova terapia contra o lúpus se mostram promissores

De Kerry Sheridan (AFP) – 08/11/2011
WASHINGTON — O novo tratamento para Lúpus, no qual o sistema imunológico ataca os tecidos saudáveis, neutraliza uma proteína chamada interferon alfa, encontrada em quantidades maiores nos pacientes com lúpus e que pode levar a uma inflamação crônica e à autoimunidade.
O novo tratamento, similar a uma vacina, é desenvolvida pela empresa de biotecnologia Neovacs, com sede na França.
As injeções desta imunoterapia chamada Kinoid demonstraram ser seguras em testes de fase I/II em um pequeno número de pacientes europeus, que desenvolveram anticorpos contra o interferon alfa, anunciou a Neovacs em reunião científica do Colégio Americano de Reumatologia (ACR, na sigla em inglês), em Chicago.
"A injeção de Kinoid produz uma reação do sistema imunológico, o que resulta na produção de vários anticorpos que neutralizam o interferon alfa", disse o presidente executivo da Neovacs, Guy-Charles Fanneau de La Horie.
"O que estamos propondo é um tratamento muito simples e fácil de seguir por parte do paciente", declarou à AFP, em entrevista por telefone antes da apresentação formal dos resultados em Chicago.
O tratamento consiste em um trio de injeções no primeiro mês, seguido de uma injeção de três a quatro meses depois.
Após um pequeno teste aleatório, há mais testes clínicos previstos e estudos de fase IIb poderão começar em meados do próximo ano, disse Piers Whitehead, vice-presidente de desenvolvimento corporativo da Neovacs.
"Acreditamos que uma vantagem chave do nosso enfoque é que sabemos que podemos neutralizar os 13 subtipos (de interferon alfa) com o nosso produto", disse.
Os cientistas também conseguiram ver as mudanças no perfil de expressão genética em alguns pacientes com excesso de interferon, um sinal promissor de que o tratamento está funcionando, apesar de ser cedo demais para chamá-lo de cura.
Em março, a Administração de Drogas e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos aprovou o primeiro fármaco para tratar o lúpus em 56 anos.
O Benlysta, desenvolvido pelo americano Human Genome Sciences e o britânico GlaxoSmithKline, aponta para uma proteína diferente do Kinoid, da Neovacs.
É um tratamento intravenoso, um anticorpo monoclonal, o primeiro lançado no mercado americano desde o Plaquenil, em 1955. A aspirina foi aprovada para tratar o lúpus em 1948.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Novos Tratamentos - A Era dos Biológicos.

Novos Tratamentos


A Era dos Biológicos.

“Autoimunidade” é uma condição na qual o sistema imunológico agride estruturas da própria pessoa, de forma semelhante à que procede contra vírus, bactérias e outros patógenos. Uma parte das doenças abordadas pela reumatologia são conseqüências desta autoimunidade. Nas últimas décadas o desenvolvimento da biotecnologia permitiu um salto exponencial no nível de conhecimento acumulado sobre o funcionamento do sistema imunológico. A conseqüência natural disso foi o desenvolvimento de drogas capazes de agir diretamente sobre os aspectos “fora da ordem” em cada uma destas doenças. Nasciam os medicamentos “biológicos“.

São chamados de biológicos porque são idênticos ou inspirados em estruturas encontradas em seres vivos. São, de fato, muitas vezes produzidos por seres vivos, via técnicas de engenharia genética. Inclui-se na categoria anticorpos, interleucinas (espécie de hormônio que media inflamação), receptores para as interleucinas, antagonistas destes receptores, entre outros. São substancias capazes de reconhecer estruturas específicas com exatidão, retira-las de circulação, ativar ou inativá-las. Existem mais de 30 tipos diferentes de biológicos já liberados para uso ou em testes clínicos. O benefício de alguns deles em certas doenças é inegável, trazendo melhora objetiva e até remissão completa da doença, mesmo em pacientes que já não respondiam aos tratamentos convencionais. Por outro lado a euforia inicial foi diminuída à medida que se percebia que até um terço dos pacientes (segundo a Arthitis Foundation, nos EUA) não respondiam ou deixavam de responder também às novas medicações, e que o efeito sobre o sistema imunológico poderia trazer efeitos colaterais nada insignificantes, como maior propensão a infecções e câncer. O custo é outro limitante. Algumas destas substancias podem custar cerca de R$10.000,00 mensais, por tempo indeterminado.

Certamente estas dificuldades limitam, mas estão longe de inviabilizar o uso dos biológicos. O custo tende a cair com o aperfeiçoamento das técnicas de produção e com a concorrência entre as companhias farmacêuticas, e aos poucos vamos descobrindo as doses, as combinações e o “timing” para cada uma destas drogas, em cada doença. Hoje já é impensável fazer reumatologia sem os novos biológicos, e certamente o futuro trará ainda melhores surpresas. Mas por enquanto estas substâncias são indicadas para casos e pacientes específicos, geralmente após falha da terapia convencional. Mantenha-se informado sobre as novidades terapêuticas na sua área de interesse! Assine nossa newsletter!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

SENADO APROVA LEI QUE OBRIGA ESCOLAS A MANTEREM ALUNOS CASO PROFESSOR FALTE

28 de setembro de 2011
SENADO APROVA LEI QUE OBRIGA ESCOLAS A MANTEREM ALUNOS CASO PROFESSOR FALTE
Projeto foi aprovado em decisão terminativa na Comissão de Educação

As escolas do ensino fundamental e médio (antigo primeiro e segundo graus) não poderão mandar os alunos menores de idade de volta para casa, no caso de um ou mais professores faltarem, independentemente do horário em que estudam.
A medida consta em um projeto de lei aprovado nesta terça-feira (27) pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, em decisão terminativa.
O texto aprovado pela comissão prevê que, no caso de ausência de professores, os estudantes deverão receber atividades de ensino complementares, respeitando-se a faixa etária e a grade de disciplinas previstas na proposta pedagógica da escola.
Para os alunos maiores de idade, a permanência na escola é opcional - mas a oferta de atividades complementares é obrigatória para o colégio.
O relator do projeto de lei, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), afirmou que é errado mandar os alunos para suas casas quando há falta de professores, em entrevista à Agência Senado.
- É imprudente, indevido e equivocado que alunos de educação básica sejam encaminhados para suas casas quando há falta de professores, muitas vezes sem que os pais ou responsáveis sejam comunicados.

A senadora Ana Rita (PT-ES), autora de uma das emendas ao texto original, enviado pela Câmara dos Deputados, disse concordar com a redação do projeto substitutivo.
Por sua vez, a senadora Marinor Brito (PSOL-PA) alertou para a necessidade de se debater como será feita a ocupação do tempo na escola quando houver falta de professores.
O projeto será submetido, ainda, a uma votação suplementar na próxima reunião da Comissão de Educação do Senado.
*Com informações da Agência Senado

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Festival de Teatro de Fortaleza abre as cortinas para 7a edição

Espetáculos descem dos tablados e ganham praças e terminais em uma aproximação da arte com a população fortalezense


Facilitar o acesso das pessoas que não costumam frequentar as salas de espetáculo consagradas, chegando mais próximo da onde o cotidiano de Fortaleza se desenrola. Os milhares de fortalezenses que passam pelos terminais de ônibus da cidade e pelas praças das seis secretarias regionais são o principal foco do VII Festival de Teatro de Fortaleza (FTF) e serão espectadores de 30 espetáculos de grupos locais.

Risos, encontros, dramas, vão se espalhar sobre o concreto da cidade e pelas ruas de Fortaleza num apelo teatral. O evento, com o tema “A Cidade como Palco”, pretende tornar a correria da grande metrópole mais alegre e cheia de cores durante a semana de 10 a 16 de outubro. Este ano serão investidos pela Secultfor R$ 410mil para cachês dos grupos, a realização das oficinas e toda a produção do evento.
E tudo começa pela rua. A abertura do Festival acontece com a realização de um cortejo teatral que sai do Theatro José de Alencar (TJA), às 9hs, segue pelas ruas General Sampaio e Guilherme Rocha e na Praça do Ferreira ocorre a exibição de grupos de malabaris, artistas circenses, atores, grupos de percussão. Em seguida, o grupo faz o caminho de volta para o TJA onde encerra a abertura do Festival.
Realizado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza (PMF), através da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor), o Festival estará ainda nos palcos dos teatros do CUCA Che Guevara, José de Alencar, SESC Emiliano Queiroz, Marcus Miranda do Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ) e do Centro Cultural Banco do Nordeste, além de se fazer presente nas praças mais movimentadas do Centro da cidade - José de Alencar, Praça do Ferreira, Praça do BNB e Passeio Público. A abertura do FTF traz como convidada a Companhia Paulista de Teatro Latão, que apresentará o espetáculo ‘A Ópera dos Vivos’, às 19h, no Theatro José de Alencar. O acesso às peças será gratuito.

Voltado para o intercâmbio entre os grupos e produções locais e com enfoque na questão da formação artística, o Festival terá espaço para uma mostra de teatro nos bairros, oficinas, ações artísticas e educativas, desenvolvidas nas escolas municipais, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (SME), e shows musicais no Passeio Público. “O movimento teatral organizado de Fortaleza, reconhecido como um dos mais atuantes do Brasil, também é parceiro na construção desse evento, que abraça a capital cearense numa grande festa de encontro entre a fantasia e a realidade, os artistas e o público, a arte e a vida”, ressalta a diretora e coordenadora de teatro da Secultfor, Herê Aquino.

A seleção dos 30 espetáculos participantes foi feita por uma curadoria escolhida pelo Fórum de Teatro e pela Secultfor, sendo três representantes do segmento teatral e dois da secretaria da Cultura. Os 30 selecionados abrangerão espetáculos voltados para o Teatro de palco Italiano, o Teatro de Bonecos, Teatro de Rua, Contação de História e uma Mostra de Teatro de Bairro. Haverá ainda homenagem ao Curso de Princípios Básicos de Teatro do Theatro José de Alencar, que completa 20 anos em 2011.

Nesta 7a edição, o FTF vai privilegiar a realização de oficinas e seminários. Serão três Seminários: “Teatro e Educação”, “O Teatro de Grupo e os Caminhos que Apontam As Políticas Nacionais, Estaduais e Municipais de Incentivo à Cultura” e o “Papel da Imprensa na Construção do Olhar sobre a Arte e a Cultura na Cidade”.

Na programação, em diversas mostras, vemos um panorama de espetáculos que estiveram em cartaz em Fortaleza: “Sakura Matsuri – O Jardim das Cerejeiras” com Grupo Teatro Mimo, “Ivanov” com a Cia. de Teatro Máquina, “Barrela”, com Grupo Imagens, “A Revolta das Coisas”, com Grupo Pavilhão da Magnólia, “A Noiva e o Condutor” com Coral de Artes Cênicas do IFCE, “Detestinha - o Bicho que Detesta Ler” com Circo Tupiniquim – Boneco e “O Maligno Baal” com Grupo Experimental de Teatro, são algumas das peças selecionados. Confira a lista completa no blog Divirta-CE (www.divirta-ce.blogspot.com).

Sete dicas para estudar no Youtube

Confira sete canais de vídeos interessantes para estudar:
Matemática
No canal Só Matemática você encontra vídeos sobre diversos conteúdos, como Teorema de Tales, geometria e Matemática financeira.
Neste vídeo, o professor resolve algumas questões do Enem:

Geografia
No canal Só Geografia há vídeos para estudar sobre energia, processos migratórios, indústria e aquecimento global.

História
No canal do professor Tiago Menta há aulas que abordam desde a pré-história e o feudalismo até a história recente do Brasil, como Ditadura Militar e Governo Lula.

Já o canal História X Ciência traz vários documentários muito legais que misturam ciência e história e abordam assuntos como rituais astecas, racismo, pandemias e maconha.
Este programa traz o debate Criacionismo X Teoria da Evolução de Darwin.

Biologia
O canal de Biologia traz vídeos que explicam a divisão celular e teorias da evolução.
Química

O canal Vestibulândia tem muito material sobre química e também sobre matemática. Há aulas que abordam os conceitos iniciais de química, para entender átomos e compostos, e muitos vídeos sobre geometria.

Conteúdo Geral
No Canal Educa Bahia há dezenas de vídeos de várias disciplinas. Abaixo, uma aula de literatura sobre Machado de Assis.

APRENDA A CHAMAR A POLÍCIA!...

APRENDA A CHAMAR A POLÍCIA!...

Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa.

Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro.

Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali,espiando tranqüilamente.

Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço. Perguntaram- me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa. Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.
Um minuto depois liguei de novo e disse com a voz calma:

-Oi, eu liguei há pouco porque tinha alguém no meu quintal. Não precisa mais ter pressa. Eu já matei o ladrão com um tiro da escopeta calibre 12, que tenho guardada em casa para estas situações. O tiro fez um estrago danado no cara!
Passados menos de três minutos, estavam na minha rua cinco carros da polícia, um helicóptero, uma unidade do resgate, uma equipe de TV e a turma dos direitos humanos, que não perderiam isso por nada neste mundo.

Eles prenderam o ladrão em flagrante, que ficava olhando tudo com cara de assombrado.
Talvez ele estivesse pensando que aquela era a casa do Comandante da Polícia.

No meio do tumulto, um tenente se aproximou de mim e disse:
-Pensei que tivesse dito que tinha matado o ladrão.

Eu respondi:

- Pensei que tivesse dito que não havia nenhuma viatura disponível.

(Luiz Fernando Veríssimo)

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

“CASA ARRUMADA…



Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa
entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um
cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os
móveis, afofando as almofadas…
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida…
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto…
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos…
Netos, pros vizinhos…
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca
ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias…
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela…
E reconhecer nela o seu lugar.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Vygotsky e o conceito de zona de desenvolvimento proximal



Para Vygotsky, o segredo é tirar vantagem das diferenças e apostar no potencial de cada aluno

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Nascido na Bielorrússia, Vygotsky viveu seus anos mais produtivos sob a ditadura de Stalin, na antiga União Soviética. Teve seus livros proibidos e morreu cedo, aos 37 anos. Foto: Reprodução
Censura e vida breve Nascido naBielorrússia, Vygotsky viveu seus anos mais produtivos sob a ditadura de Stalin, na antiga União Soviética. Teve seus livros proibidos e morreu cedo, aos 37 anos
Todo professor pode escolher: olhar para trás, avaliando as deficiências do aluno e o que já foi aprendido por ele, ou olhar para a frente, tentando estimar seu potencial. Qual das opções é a melhor? Para a pesquisadora Cláudia Davis, professora de psicologia da Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), sem a segunda fica difícil colocar o estudante no caminho do melhor aprendizado possível. "Esse conceito é promissor porque sinaliza novas estratégias em sala de aula", diz Cláudia. O que interessa, na opinião da especialista, não é avaliar as dificuldades das crianças, mas suas diferenças. "Elas são ricas, muito mais importantes para o aprendizado do que as semelhanças."

Não há um estudante igual a outro. As habilidades individuais são distintas, o que significa também que cada criança avança em seu próprio ritmo. À primeira vista, ter como missão lidar com tantas individualidades pode parecer um pesadelo. Mas a pesquisadora garante: o que realmente existe aí, ao alcance de qualquer professor, é uma excelente oportunidade de promover a troca de experiências.

Essa ode à interação e à valorização das diferenças é antiga. Nas primeiras décadas do século 20, o psicólogo bielorrusso Lev Vygotsky (1896-1934) já defendia o convívio em sala de aula de crianças mais adiantadas com aquelas que ainda precisam de apoio para dar seus primeiros passos. Autor de mais de 200 trabalhos sobre Psicologia, Educação e Ciências Sociais, ele propõe a existência de dois níveis de desenvolvimento infantil. O primeiro é chamado de real e engloba as funções mentais que já estão completamente desenvolvidas (resultado de habilidades e conhecimentos adquiridos pela criança). Geralmente, esse nível é estimado pelo que uma criança realiza sozinha. Essa avaliação, entretanto, não leva em conta o que ela conseguiria fazer ou alcançar com a ajuda de um colega ou do próprio professor. É justamente aí - na distância entre o que já se sabe e o que se pode saber com alguma assistência - que reside o segundo nível de desenvolvimento apregoado por Vygotsky e batizado por ele de proximal (leia um resumo do conceito na última página).

Nas palavras do próprio psicólogo, "a zona proximal de hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã". Ou seja: aquilo que nesse momento uma criança só consegue fazer com a ajuda de alguém, um pouco mais adiante ela certamente conseguirá fazer sozinha (leia um trecho de livro na terceira página). Depois que Vygotsky elaborou o conceito, há mais de 80 anos, a integração de crianças em diferentes níveis de desenvolvimento passou a ser encarada como um fator determinante no processo de aprendizado.

domingo, 3 de julho de 2011

Os contos de fadas na educação infantil



Publicado em 3 de julho de 2011 
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A Literatura Infantil é um gênero que pode ser definido através de seu destinatário ou consumidor. Difere-se das demais Literaturas por sua forma, estilo e assunto apresentados: preferencialmente temas que estejam intrinsecamente ligados ao interesse da criança. Esse ensaio visa discutir as relações entre os contos de fadas e a educação infantil, a importância desse tipo de narrativa para as crianças, na escola, ressaltando sua relevância para o desenvolvimento da imaginação e o incentivo à criatividade como aspectos fundamentais para a formação do seu caráter e aprendizagem da língua
Compagnon (1999, p. 31-33) argumenta que em suas origens, a Literatura Infantil surgiu como uma forma literária menor, relacionada à função utilitário-pedagógica. Em latim, litteratura vem de littera que significa letra do alfabeto. O termo foi mudando de acordo com os contextos e as culturas. No século XIV literato era o indivíduo de sabedoria, ciências e letras, no Renascimento o termo caracterizava a pessoa como culta; na idéia clássica Literatura correspondia a todos os livros que havia na biblioteca, não somente a ficção, mas também de Filosofia, Ciências. Na concepção romântica, Literatura era tudo o que os cânones escreviam.

A Literatura infantil e a escola estão intimamente ligadas uma vez que as crianças frequentam a escola e para que tenham acesso à leitura dos contos faz-se necessário que aprendam a ler. Nesse sentido, percebe-se, pelo fato da Literatura infantil e a escola possuírem esse extremo vínculo, que muitas obras dedicadas a este público acabam tendo um cunho pedagógico.

O literário
Compagnon (1999, p. 36-40) enfatiza que na contemporaneidade, o conceito de Literatura é muito vasto, vai dos consagrados clássicos até os livros para crianças. Na busca de elevar o caráter literário de algumas obras, busca-se caracterizá-lo não pela teoria literária, mas pela Sociologia, pela Psicologia e pela Pedagogia. Dessa forma a conceitualização de uma obra literária vai além da Literatura. Além disso, o conceito de literário traz em sua definição a idéia de que para ser realmente literária a obra deverá desempenhar algumas funções tais como: a possibilidade de autoconhecimento, sair do individualismo e atravessar o outro e ser uma fortaleza contra a barbárie. (...) A Literatura infantil caracteriza-se por sua opacidade, é conotativa, complexa, faz uso do imaginário, da função estética e poética, extrapola, sem fim prático, o material linguístico, produz também uma rede metafórica que se faz presente no texto escrito, na ilustração, e no entre-lugar híbrido da junção das linguagens.

Origens e características
Busatto (2006, p. 86) argumenta que a partir do momento em que falar não foi mais suficiente para estar no mundo, o homem começou a pensar em suportes e maneiras criativas para organizar esta aquisição: a escrita. Dessa maneira, selou a passagem nunca concluída de uma existência oralmente configurada, ouvida e compartilhada comunitariamente, para a existência de um mundo a ser lido. A palavra conto pode ser entendida em português sob o sentido de historieta, fábula ou narração, entre outros. Desde a Idade Média o verbo contar tem sido usado com o sentido de enumerar, relatar, tendo como sentido de conto uma narrativa. O ato de narrar fatos, acontecidos ou não, é tão antigo quanto a humanidade, está associado ao momento em que o homem começa a conviver em pequenos grupos ou comunidades, tendo como consequência a gênese das sociedades modernas.

O conto
Moisés (2001, p. 37) considera que o conto é, do prisma de sua história e de sua essência, a matriz da novela e do romance, mas isto não significa que deva poder, necessariamente, transformar-se neles. O conto, apesar de sua aparência singela, por ser na maior parte das vezes de extensão reduzida e por conter poucas personagens, é, na realidade, uma narrativa que pode vir a ter uma estrutura bastante complexa; constitui-se de um enredo, personagem ou personagens, tempo, espaço, foco narrativo; constitui-se de uma célula dramática, contendo um só conflito e uma unidade de ação, sendo evitados os excessos e as divagações. Segundo Coelho (1985, p. 112) nos contos de fadas a unidade dramática é muito comum; a estrutura narrativa predominante nessas histórias é simples: um só núcleo dramático do qual dependem todos os episódios que compõem a intriga.

Singularidades
Nos contos de fadas, o narrador preferencial é o de terceira pessoa onisciente, observador. Esse tipo de narrador acentua o tom narrativo do texto muito mais que o narrador em primeira pessoa, cuja tendência é de introspecção e confissão. O epílogo do conto, geralmente, corresponde ao clímax da história, é, em geral, enigmático e surpreendente para o leitor, que se vê surpreendido por um desfecho imprevisível.

A origem do conto é desconhecida, mas se considera que esse tipo de narrativa tenha sido a precursora de outras formas literárias, visto que se pode considerar alguns textos bíblicos como sendo contos.

Os contos de fadas eram escritos, a princípio, mais para os adultos do que para as crianças e mais para as camadas inferiores e extremamente exploradas. Acredita-se que a responsabilidade pela criação dos contos deva-se somente à imaginação e experiência dos escritores, pois tais narrativas nasceram ou de acontecimentos reais, contados e recontados pelo povo ou de lendas inventadas por gerações e gerações de narradores anônimos.

Os celtas
Coelho (1991, p. 75) afirma que o povo celta foi o que mais influenciou os demais a respeito da convivência humana, à espiritualidade e às questões religiosas, exaltando o imaginário; atuaram em todo processo de formação e transformação da cultura do Ocidente. Foi entre eles que surgiram as fadas que eram mulheres sobrenaturais. Ela ressalta, em seu livro O Conto de Fadas, que etimologicamente, a palavra fada vem do latim fatum = destino, fatalidade, oráculo... Estes seres fantásticos ou imaginários, de grande beleza, mestras da magia quase sempre ligadas ao amor, se apresentam em forma de mulher, surgem nas narrativas para, com seus poderes, auxiliarem os homens em situações difíceis ou, quando não, praticamente impossíveis.

LUISA HELENA DE QUEIROZ LOPESCOLABORADORA*
* Do Curso de Letras da Uece
Fique por dentro 
Do gênero

Os contos de fadas são narrativas com ou sem a presença de fadas que apresentam como núcleo a realização do herói ou da heroína através de provas ou obstáculos que serão vencidos, como se fosse um ritual iniciático para autorrealização existencial. Esse tipo de conto surgiu de várias fontes e com problemáticas muito diferentes com variadas origens. Os contos de fadas, de modo geral, têm conteúdos morais implícitos, ensinamentos que são passados de forma espontânea, já que os conteúdos éticos têm como veículo o lúdico. A criança em sua formação, tanto moral como cognitiva, recebe a influência dos pais, que a acompanham nas experiências da vida infantil e, além disso, há a ascendência da herança cultural quando transmitida de maneira natural. Os contos de fadas e a Literatura de um modo geral canalizam melhor essas informações para que a criança desenvolva sua mente e personalidade.

Uma fonte de leitura prazerosa



Publicado em 3 de julho de 2011 
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Pode-se dizer que a Literatura infantil está intimamente ligada à escola. Pois tais obras surgiram na França, nos séculos XVII e XVIII, com a Revolução Industrial, a decadência do Feudalismo e o fortalecimento da burguesia por meio de instituições como a família e a escola. Perrot, (1991) ressalta que: (Texto IV)

O papel escolar
A escola é de suma importância para a Literatura infantil, porque é o agente ideal para a formação cultural do indivíduo, é o espaço privilegiado onde deverão ser lançados desafios que abrirão caminhos na mente humana rumo à aprendizagem. A escola deve ter como objetivo formar cidadãos críticos, com opiniões próprias e força de caráter. Isso, em grande parte, se dá com a leitura.

A leitura é um instrumento valioso para a apropriação de conhecimentos relativos ao mundo exterior, amplia e aprimora o vocabulário e contribui para o desenvolvimento de um pensamento crítico e reflexivo, uma vez que possibilita o contato com diferentes ideias e experiências. Sua prática traz consequências maravilhosas, os conhecimentos de mundo se ampliam prazerosamente, e não ocorrem por imposição. Através da leitura o aluno pode desvendar a existência ao seu redor, e, ao romper seu horizonte de expectativas, amplia seu universo de entendimento. O estudo literário transmitido na escola é o mais completo no estímulo do exercício da mente, na percepção do real, na consciência do mundo, no próprio estudo e conhecimento da língua e expressão verbal. O professor deve desempenhar o papel mediador no processo de leitura e escrita, promovendo a contextualização da língua em seu uso através da escrita. A leitura deve, portanto, ter uma grande participação na compreensão da gramática, sem, no entanto, depender tão-somente da nomenclatura.

O mediador
O professor que trabalha com Literatura infantil deve ter em mente o seu papel de estimulador, orientador e mediador entre o aluno e a Literatura que será o meio de acesso para o conhecimento e o mundo da cultura, que caracteriza a sociedade em que vive.

Para que a Literatura infantil consiga de fato trazer benefícios para o desenvolvimento cognitivo e à aprendizagem do aluno, faz-se necessário, entre outros fatores, que o professor faça a correta adequação do livro às necessidades e interesses da criança, de acordo com a etapa do desenvolvimento em que se encontra. O educador deve estar consciente de que a criança é um aprendiz e busca, em sua interação com o mundo, internalizar sua cultura, ora por repetição da tradição familiar, ora pelos valores e ideais impostos pela sociedade. Nesse contexto é que se firma o lugar que a escola representa na concepção de literatura. ZILBERMAN & LAJOLO (1985) afirmam que: (Texto V)

Entretanto a prática de leitura promovida pela escola pouco contribui para a formação de leitores competentes. Há evidências de que professores de Língua Portuguesa enfatizam o estudo da nomenclatura gramatical, através de exercícios mecanicistas, nos quais a reflexão e a interação aluno-professor e aluno-aluno é pouco expressiva. A leitura deve, portanto, ter uma grande participação na compreensão da gramática, sem, no entanto, depender da nomenclatura.

A formação dos leitores
Os contos de fadas têm uma importância fundamental no desenvolvimento infantil, para seu amadurecimento intelectual e emotivo, porque servem de veículo ao pequeno leitor, de conteúdos e substratos da psique humana que se encontram arraigados dentro de sua própria psique; contribuem decisivamente para introdução das crianças no universo da linguagem e da escrita por meio do ato de contar, de ouvir, de ler histórias, porque tem correspondência com a linguagem que praticam no cotidiano.

As visões
Antunes (2003, p. 64-67), argumenta que não é possível dissociar aprendizagem da leitura e aprendizagem da escrita, porque são atividades de interação que se complementam, portanto uma prática social. Isso significa que compete ao professor possibilitar ao aluno a escrita de textos para diferentes interlocutores, com objetivos diferentes, organizados nos mais diversos gêneros, para circularem em variados espaços sociais, de maneira adequada à situação em que se insere o evento comunicativo.

Os PCNs de Língua Portuguesa (1998, p. 24) sugerem que os textos selecionados para uso didático sejam aqueles que favoreçam a reflexão crítica, o exercício de formas de pensamentos mais elaboradas e abstratas, bem como a fruição estética dos usos artísticos da linguagem em sua plenitude.

A literatura infantil, na sociedade em constante mutação, serve como agente de formação/transformação; configura-se como um conjunto de manifestações e de atividades que têm como base a palavra artística e/ou a ilustração artística que interessa à criança. Os contos de fadas como narrativa de caráter alegórico cumprem uma função social de extrema importância, à medida que ajuda a criança não só a enfrentar o seu próprio mundo sem traumas, como também a ajuda a expandir o imaginário. O interesse, provocado no receptor, está no aspecto de liberdade e na aceitação voluntária de elementos que, também, usará livremente para a construção de sua própria consciência. Zilberman & Lajolo (1985) ressaltam que: (Texto VI)

Considerações finais
É tarefa da Literatura promover ao individuo subsídios que o faça espelhar-se, para que seja capaz de resolver seus conflitos, os quais muitas vezes não conseguem entender; essa luta para a criança é feita através do pensamento mágico contido nos contos de fadas. As propostas de leitura da Literatura infantil, em sala de aula, defendem a necessidade de a comunicação literária pautar-se pelo prazer de ler e pela interação afetiva do leitor com o texto, pela manutenção do encantamento por aquilo que é contado que acarreta a transposição do mundo real para o mundo da imaginação.

Em contrapartida, a nova roupagem dada à literatura contemporânea, não mais se preocupa em buscar atender aos anseios infantis, busca atender às necessidades da sociedade atual, visto que o discurso assumido agora reflete uma preocupação em construir uma imagem de criança não voltada para o prazer, mas para o útil, com apelo especial para a formação de um futuro adulto. A tendência hoje é localizar a carência infantil e influenciá-la com uma história que vá direto ao ponto.

Compete ao professor adequar-se às mudanças e instigar o interesse das crianças pelo universo maravilhoso dos contos de fadas, entretanto, para que isso ocorra, faz-se necessário que ele seja um leitor proficiente e alimente aproximar ao máximo o texto literário e o cotidiano de seus alunos; faz-se necessário que ele seja literariamente letrado e forme cidadãos letrados, que ele assuma a Literatura como parte de sua vida, como uma constante em seu cotidiano.

Trechos
TEXTO IV
A família é a garantia da moralidade natural. Funda-se sobre o casamento monogâmico, estabelecido por acordo mútuo; as paixões são contingentes, e até perigosas; o melhor casamento é o casamento "arranjado" ao qual se sucede a afeição, e não vice-versa. A família é uma construção racional e voluntária, unida por fortes laços espirituais, por exemplo, a memória e materiais. O patrimônio é, a um só tempo, necessidade econômica e afirmação simbólica. A família "objeto de devoção para os membros", é um ser moral: Uma única pessoa cujos membros são acidentes. (p. 94)

TEXTO V
A justificativa que legitima o uso do livro na escola nasce, pois, de um lado, da relação que estabelece com seu leitor, convertendo-o num ser crítico perante sua circunstância: e, de outro, do papel transformador que pode exercer dentro do ensino, trazendo-o para a realidade do estudante (p.25).

TEXTO VI
A literatura infantil, nesta medida, é levada a realizar sua função formadora, que não se confunde com uma missão pedagógica. Com efeito, ela dá conta de uma tarefa a que está voltada toda a cultura - a de conhecimento do mundo e do ser (p.25).

Saiba mais
COHEN, J. Estrutura da linguagem poética. São Paulo, Cultrix: EDUSP, 1974.

LINHARES FILHO, José. No limiar dos invernos. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2010.

MARQUES, Rodrigo. O livro de Marta. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2011.

MEIA-TIGELA, Poeta de. Concerto nº1nico em mim maior para palavra e orquestra. Poema. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2010.

PINHO, Barros. 70 poemas para orvalhar o outono. Fortaleza: Premius, 2010.